Estimulação Precoce na Criança com Baixa Visão

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A Estimulação Precoce é um conjunto de ações e procedimentos que envolvem cuidados médicos, terapêuticos e educativos com objetivo de promover um bom desenvolvimento global da criança em seus primeiros anos de vida. Quando ocorre uma deficiência visual e uma baixa visão é observada, ao nascimento ou nas primeiras semanas e meses, torna-se fundamental estimular a máxima utilização do grau de visão mantida (resíduo visual) em atividades dirigidas e na vida cotidiana.

A baixa visão compreende uma faixa que fica entre o limite da cegueira e aquele da “visão normal” e o comprometimento visual pode afetar apenas a visão central (de foco), somente a visão periférica (de percepção espacial) ou ambas. As crianças com baixa visão têm intensidades e maneiras de enxergar bem diversas e particulares, de modo que não se pode compará-las nesse aspecto. Sendo assim, se faz necessária uma avaliação da função visual e do desenvolvimento psicomotor (global) da criança como etapa inicial ao trabalho da Estimulação Precoce.

A criança não nasce com a visão tal qual a de uma pessoa adulta. A visão é uma função aprendida, que se desenvolve ao longo dos primeiros meses de vida a partir das experiências visuais e dos estímulos do ambiente e vai se aprimorando até aproximadamente os 5/6 anos de idade. Certo é que em torno dos 12/16 meses a visão da criança é suficiente para permitir a aquisição da marcha e, aos 5/6 anos, a aprendizagem da leitura e da escrita.

As crianças que têm baixa visão devem ser estimuladas com objetos ou brinquedos com cores fortes e vibrantes, incluindo os de padrões de alto contraste como o preto/branco (ou amarelo), ou mesmo o amarelo/vermelho (ou azul). - a iluminação do ambiente e os variados contrastes (alto, médio e baixo) dos materiais apresentados são aspectos primordiais nesse processo (figs. 01 e 03). O ambiente deve ser cuidadosamente organizado para oferecer os melhores e mais adequados estímulos a cada criança (fig.02).

A imitação e a motivação são fatores que propiciam o desenvolvimento e a aprendizagem. A criança que vê, imita o movimento e é instigada a se deslocar no espaço no intuito de alcançar o que lhe interessa. Sem a possibilidade de ver bem, a criança com baixa visão precisa ser encorajada e estimulada a encontrar meios de romper o espaço e também buscar o que lhe interessa. A curiosidade e as experiências motoras nesta etapa são fundamentais para garantir um bom desenvolvimento, psicomotor, cognitivo e sócio afetivo da criança. É preciso compreender que a dificuldade em enxergar, com frequência, interfere na motivação para as atividades motoras.



As ações que envolvem a Estimulação Precoce fundamentam-se na plasticidade do sistema nervoso que é máxima nos primeiros anos de vida, por isso, quanto mais jovem for a criança submetida a elas, maiores são as possibilidades de sucesso, em obter um desenvolvimento mais adequado.




“Mini-currículo”:
Maria Rita Campello Rodrigues Doutora em psicologia; Mestre em Ciência da Motricidade Humana; Fisioterapeuta, especializada em Estimulação Precoce e Psicomotricidade; Professora do Instituto Benjamin Constant onde implantou e coordenou por mais de 20 anos, o Setor de Estimulação Precoce.